Gentileza

Uma palavra simples, que a princípio pode significar apenas a forma de tratamento ou de comportamento, mas em verdade tem na sua origem um significado muito mais nobre e profundo.

Muito embora a origem da palavra, do prefixo gen, tenha origem no latim gentilis, significando povo, família, a origem do prefixo é ainda mais antiga. O prefixo gen, no proto indo europeu, significa: dar à luz; trazer à luz. Ou seja, trazer à luz algo de bondade, algo de fraternidade.

A origem da palavra gentileza revela um significado muito maior do que a simples cortesia ou amabilidade.

Gentileza seria uma forma de expressar a natureza humana, a verdadeira natureza humana. Aquela para o qual viemos ao mundo, ao revelar, ao trazer à luz uma parcela de bondade, de fraternidade.

– A verdadeira gentileza é uma abertura de coração.  Espontânea, que brota da própria natureza humana. É uma abertura para o amor.

A frase que ficou famosa em camisetas e adesivos de carros Brasil afora: “gentileza gera gentileza” do chamado “profeta gentileza”, um paulista que viveu alguns anos na cidade do Rio de Janeiro, disseminando ideias nobres, de amor, serviço e gentileza, revela o maior dos ensinamentos. O que significa esta frase?

Além de mostrar a disseminação de uma ideia pelos que a vivem, mostra que o ensinamento se dá através do exemplo.

Se você é gentil, você faz com que as pessoas provem algo que não conheciam. Depura o paladar, depura o gosto, eleva o padrão de exigências. Isto gera em você um padrão diferente de exigência quanto ao seu comportamento, é a consciência que empurra para cima.

O filósofo indiano Sri Ram dizia que “A evolução nada mais é do que a depuração do gosto”.

E nós, somos gentis?

A partir da pequena análise que já fizemos, fica fácil perceber que a gentileza vai muito além das noções básicas de educação formal.

“Sou gentil porque dou o meu lugar para uma pessoa mais velha sentar. Sou gentil porque cumprimentei meu vizinho pela manhã…” Claro que essas atitudes são atos de gentileza, mas a essência da gentileza vai muito além de algumas ações formais e automáticas.

A autêntica gentileza é uma forma de atenção e de cuidados legítima: é querer ver o outro com um interesse real, o que implica na superação do egoísmo.

Mas nós não somos assim.

Vivemos tão voltados para nossos desejos e necessidades que o outro se torna uma mera base sobre a qual refletimos nossos interesses.

Desta forma ninguém é verdadeiramente gentil. Porque a mentalidade dos homens é egoísta e o egoísmo não dá espaço para ser verdadeiramente gentil.

A verdadeira gentileza nasce da percepção da necessidade do outro. De senti-la como nossa a ponto de se despender energias para atender esta necessidade do outro.

Se todos os dias você encontra uma pessoa e procura ser sensível às necessidades dela e faz o seu melhor para que ela esteja bem, depois de algum tempo você vai encontrar o amor. Cria vínculos de coração a gentileza!

– Levante num ônibus mil vezes para uma pessoa sentar e você não vai ser gentil depois disso! Não cria vínculos se você faz por uma formalidade social.

– Levante uma ou duas vezes pensando no bem daquela pessoa e você terá aí o Amor, terá aí vínculo e se tornará um ato legítimo.

A gentileza verdadeira espontânea, que brota do nosso coração, exige um interesse real pelo outro e partir dessa gentileza praticada continuamente nos podemos evocar o amor.

Gentileza exige uma dose de altruísmo, de percepção do outro em si e não do que ele serve pra mim.

Ao sermos gentis e buscarmos a empatia e a amorosidade em nossas relações humanas, estamos fazendo bem para nós mesmos.

Madre Teresa de Calcutá dizia: “Palavras gentis podem ser curtas e fáceis de falar, mas seus ecos são verdadeiramente infinitos”.

Encontrar a felicidade em ser gentil, porque somos humanos e quando somos verdadeiramente humanos, com valores, virtudes e sabedoria: isso nos realiza!

Essa é uma gentileza que podemos garantir, é a transparência de uma generosidade madura.

Platão dizia que a melhor coisa que podemos fazer por aqueles que amamos, é crescer como ser humano. Temos que amadurecer como seres humanos. Encontrar um sentido de vida mais generoso, mais maduro!

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